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Melhor idade? Às vezes, não.

Há alguns dias, escrevi um post para o Blogueiras Feministas a respeito do envelhecimento, especialmente das mulheres. Este é um assunto fundamental de que falamos muito pouco e que gerou alguns questionamentos. Em uma sociedade que cultua a juventude, a beleza e o patriarcado, mulheres idosas são discriminadas duas vezes: por ser velha e por ser mulher.

Sozinha ou solitária?
Preocupa-me muito a velhice solitária de muitas mulheres. Acredito que há um número enorme de mulheres, sozinhas, e que desistiu de um relacionamento, após a meia idade. Além de as mulheres viverem mais que os homens, têm mais problemas de saúde, locomoção, socialização.
Como grande parte das mulheres se casam com homens mais velhos, é comum ver mais mulheres viúvas que homens. E há, ainda, as que são divorciadas, separadas ou são abandonadas por seus companheiros, e que têm menos expectativas de casar novamente, pois a demanda é de mulheres mais jovens, atraentes e saudáveis.
E, para fugir da solidão na velhice, as atividades para idosos, grupos de amigos, excursões e afins se proliferam. Muitas até preferem viver assim, sem um parceiro fixo, pois não tiveram uma experiência anterior muito feliz com seus parceiros.
Uma amiga, bem mais velha que eu, uns 20 anos, quando casou de novo, aos 60 anos, disse-me para não perder a esperança. Achei graça na época, pois não estava querendo casar de novo. Hoje em dia, ela se diz arrependida, pois o marido, mais velho que ela, é rabujento e exigente. Continua solitária e infeliz.

Liberdade, ufa!
Penso que, talvez, haja mulheres que tiveram a chance de ter um novo relacionamento e tenham optado pela liberdade de continuar sozinhas. Nas excursões de que participei, observei como as mulheres mais idosas são alegres, livres, independentes e solteiras! Querem namorar, mas não casar ou viver juntos.
Estas mulheres, livres das restrições da família ou do marido e dos cuidados com os filhos, aproveitam a oportunidade de investir em uma nova forma de viver e enxergam esta fase como uma possibilidade de autonomia e de valorização de suas potencialidades.
Certas viúvas renascem após o luto e passam, então, a viver para si mesmas. Muitas delas, tiveram uma vida inteira sem esta oportunidade. Nossa sociedade é muito injusta com as mulheres. Esta negação de si em prol dos outros é um hábito arraigado que sustenta que a mulher tem de se sacrificar por tudo e todos e nunca pensar nela.

Preparar-se para a velhice
O mais triste, no entanto, é que, além desta longa espera pela “liberdade”, muitas mulheres não se prepararam ou não tiveram a chance, a sorte, a oportunidade de juntar uma “bagagem” emocional, cultural, profissional, econômica e física (saúde mesmo) para esta fase.
Esta reflexão é interessante para sensibilizar as mulheres, que, enquanto jovens, são estimuladas pela mídia que repercute a mentalidade social de que a pessoa é valorizada apenas quando útil, produtiva, desejável e jovem.
E muitas tentam moldar seus desejos e projetos de vida de acordo com esta orientação. Investem mais em cuidados com a aparência, com a beleza e com a vaidade, e pouco em valorização pessoal, cultural e profissional.
Cultuar o corpo e a beleza pode ser importante, porém, não garante tranquilidade na velhice. O que permanece é o que foi semeado. Nossa geração tem a capacidade de viver muitos anos, e, por conta disto, precisamos pensar já em nos preparar para uma velhice saudável, estável e feliz.
Infelizmente, esta necessidade de “começar a pensar e preparar nossa velhice logo” não é interessante para mulheres mais jovens que se preocupam apenas com o imediato. Nem pensam em se preparar para a velhice.
Se toda mulher, que tem a chance de se preparar em todos os aspectos, se preocupasse mais no que é relevante, em vez de no que é momentâneo, talvez a velhice nem fosse tão cruel.

Pobreza e velhice
Há, entretanto, aquelas que não tiveram a oportunidade de providenciar uma velhice tranquila. Passaram a vida sem estudo, sem profissão, sem previdência. Como não há aposentadoria para donas de casa que não têm pensão de marido, ou sequer tiveram um, vemos mulheres vivendo uma velhice sem amparo emocional, sem segurança econômica e sem saúde.
Costumo dizer para as mulheres sozinhas e pobres que conheço, que deveriam se inscrever em um plano de previdência, para ter assistência no presente e uma aposentadoria mais tarde. Talvez seja um sacrifício disponibilizar alguns poucos reais por mês do orçamento para pagar a previdência, porém, a longo prazo, as necessidades básicas, como alimentação e saúde serão, se não solucionadas, pelo menos, amenizadas.
Nosso sistema deveria criar condições para as mulheres idosas e sem amparo. É degradante ver idosos e idosas em situação de miséria e abandono. Nem todas as pessoas têm o amparo de suas famílias, e, nesta fase da vida, a amizade e o relacionamento com um parceiro não é algo muito valorizado.

Enfim...
Poucas mulheres voltam a casar ou ter um relacionamento depois de uma idade considerada limite para elas, já que, a maioria dos homens mais velhos, estão interessados em mulheres mais novas e saudáveis. E, sem família e sem afeto, envelhecer, para muitas mulheres, torna-se um fardo, quando poderia ser uma fase de liberdade e felicidade.
Por Denise Rangel http://drang.com.br/blog/2012/01/28/melhor-idade-as-vezes-nao/

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